segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

XII







Passava o minuto 31 das sete da tarde.
Descansado, recostado na cadeira de madeira, esperava assim que chovesse. Realmente, já não chovia há bastante tempo: três quinze dias, mais coisa menos coisa.
Corria-se pelo país inteiro, que faltava água: o gado, de tanto castanho seco, esquecera-se do verde.
Por estes lados, passava-se a mesma coisa. Eram as batatas que não se podiam pôr, era o trigo que não crescia, era o pessoal que não tirava as t-shirts e os bombeiros, entretanto, enchiam de água os reservatórios das populações.
Pesquisou naqueles sites de meteorologia que dizem o tempo à semana e constatou, efetivamente, que ia chuviscar no sábado.
Os sóis em ponto pequeno que preenchiam a tabela da meteorologia do tal site, indicavam que até sexta ia fazer sol todos os lindos dias. Era quarta. Até que não faltava muito – pensou. Desligou a Internet e fitou a imagem de fundo do computador durante alguns segundos, uma espécie de “estagnamento” cerebral. Olhou para a janela e levantou-se. Foi à casa de banho e enxaguou a cara com água fresquinha e deitou-se de seguida.
Por razões incógnitas às pessoas que não estudam essas coisas, o cérebro não o deixou dormir por uns tempos. Ficou a pensar. A pensar em coisas. Montes delas: a chuva, o sol, a água, a cama, o cérebro, sei lá…
Adormeceu.
No dia a seguir esqueceu-se do tempo e da água.
Foi trabalhar e cansou-se. Chegou, comeu pão com queijo e foi para o quarto.
Era algo tarde quando adormeceu. Começou a chover.

Thibaut Ferreira

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