sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Diabo Na Cruz

A Deusa da Minha Rua

Sou eu?

O que te diz a ti, antro pulsátil, sim tu que lês agora esta mixórdia escrita por um alguém distante que provavelmente nunca conhecerás, que não és uma borboleta? O mesmo lhe pergunto a ela: não será ela uma totalmente diferente partícula do nosso universo, pensando ser um inseto?
A ciência diz-nos para usar a experimentação apenas como recurso a uma prova sólida, concreta, matematicamente provada, daquelas em que partimos de um mais um e tomando isto e todos os passos em diante como verdadeiros e provados pelos anteriores. O facto de algo se verificar um milhão de vezes não significa que se verifique sempre.
Voltando ao assunto do mísero inseto (ou do mísero eu?), o que fará a pobre borboleta acreditar que a sua verdadeira morfologia é aquela que costuma ver ao espelho desde que se desvencilhou do modesto casulo? O que lhe garante que, da próxima vez que acordar, não constatará que tudo não passou de um sonho?
Um texto com demasiadas perguntas, sem nenhuma resposta. Envergar por este caminho de louco cepticismo é triste. Deixa-me triste. E se tudo não passa de um sonho? E se todas as paixões e todos os desamores e todas as dores e todas as mágoas que vivi, ou penso que vivi, não foram, de facto realidade? Ideias demasiado extensas para caberem no meu ser. Posso falar em ser? Posso! Um alguém um dia disse ''Penso logo existo'' e aqui reside a prova de que se tudo o que vivemos mesmo que num sonho foi vivido, então esse tudo acompanhar-nos-á enquanto pensarmos.
O cepticimso é a única coisa que nos resta, contudo enquanto sonho - ou vivo se quiserem acreditar que estão mesmo a ler isto - aproveitarei tudo o que me for imposto tendo sempre guardada e viva a noção de que poderei não estar ali.

Taurino, Novembro de 2012